Confortável, rápido, seguro e com tarifa bem acessível, são as principais características do mais novo transporte de passageiros - o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que deve entrar em operação no segundo semestre deste ano na capital alagoana. Segundo o superintendente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), em Maceió, José Denílson, as equipes que já trabalham no órgão receberão capacitação para operar com as modernas tecnologias. Mas, também haverá contratação de novas equipes através de concurso público que irão reforçar o quadro funcional. Como o mercado de trabalho não dispõe de pessoal capacitado para o VLT, haverá treinamento e aprimoramento dentro da própria companhia.
Além de trazer esses diferenciais para a população – completamente opostos àquele que as pessoas têm hoje, o tradicional trem – ele será um veículo totalmente climatizado. “Não se admite transitar em uma cidade em transporte sem climatização. O VLT vai ter esse item a mais, trazendo conforto para a população”, afirmou
Vagão em outubro
Com o investimento de R$170 milhões para a construção de 32 quilômetros de linha férrea, a obra de implantação teve início com a remoção dos trilhos no trecho da Avenida Siqueira campos, no bairro do Prado. O projeto prevê que a primeira etapa seja concluída ainda este ano. “A CBTU tem projeto de R$ 100 milhões a partir de março para construir o restante do trecho. Nossa pretensão é que em outubro deste ano o primeiro vagão esteja circulando”, destacou o superintendente, acrescentando que a expectativa é que no final de 2010 o projeto final esteja pronto – a parte instrumental – e várias obras estejam em andamento.
Sobre o design (modelo) do veiculo, se de fato ele é parecido com o que mostra a foto, o superintendente garantiu que haverá um pouco de diferença, uma vez que esta é meramente ilustrativa, mas, pode-se afirmar que será em torno de 90% do que está sendo divulgado. “O modelo de VLT depende muito do fabricante, porém, todos são dotados de tecnologia”, declarou.
Para ele, a dificuldade maior até o momento foi em relação à troca de trilho na região da Feira do Rato, etapa que ainda está sendo realizada, mas, afirmou que com o apoio da Prefeitura de Maceió, acredita que nesses 60 dias a ação esteja totalmente concluída.
Verba garantida
“O projeto VLT é visto pela população como sendo mais uma falácia em ano eleitoral, disse o superintendente”, afirmando que a CBTU não pratica política, a não ser políticas públicas. “Os recursos já estão garantidos para que depois não haja supressão nem dificuldade de verbas. As pessoas acham que por ser ano político – o investimento direcionado para obra seja aplicado em campanhas eleitorais”, declarou, acrescentando que não tem como fazer supressão. “O que pode acontecer é a CBTU não conseguir implementar as obras, o que não é o caso. Vamos criar os mecanismos necessários sem medir esforços para não deixar isso acontecer”, assegurou.
José Denílson elogiou a implantação do veículo no município de Arapiraca e disse que esta foi uma excelente gestão feita na cidade nesse sentido. E acrescentou que a extensão do VLT de lá será menor que o da capital, porém a estrutura será a mesma. “Eles trabalham muito em nível, mas a bitola – questão de espaçamento - e trilho serão os mesmos”, afirmou.
Projeto
O projeto de VLT foi fomentado há 20 anos quando a CBTU chegou à Maceió. À época, o projeto foi criado com outro nome, mas com o mesmo objetivo que é o VLT hoje. Só em 2007 a bancada federal se interessou pelo projeto, e a direção nacional abraçou a causa. A partir daí foram dadas as mãos e viabilizados os recursos para concretizar o plano. Nesses dois anos, o projeto vinha sendo trabalhado.
Licitação
A instalação do VLT em Maceió conta com recursos do Ministério das Cidades, como resultado de um consórcio firmado com uma empresa estabelecida no interior do Ceará – Bom Sinal. O sistema de transporte, que é novo no Brasil, reunirá tecnologias usadas com o mesmo propósito em países europeus, porém, terá adaptações. Na Capital o veículo não será elétrico, seu funcionamento será feito através de biodiesel. No início, alguns elementos serão importados, mas, a finalidade é fabricá-los futuramente no Brasil.
A Bom Sinal é a empresa responsável por vender as unidades de VLT. Ela também assume a responsabilidade do repasse das informações sobre o manuseio da tecnologia utilizada no novo transporte. “Os primeiros passos serão transmitidos para nós, mostrando como é que funciona, e como são feitas as manutenções dos equipamentos, para que então possamos passar esses conhecimentos para os colaboradores. Inicialmente a Bom Sinal fará esse treinamento, mas, depois a própria companhia desenvolverá essa atividade”, lembrou.
Estação de Integração
No mercado (Feira do Rato) terá uma estação de integração interligada com o Mercado do Artesanato, e futuramente será incluída uma estação de transbordo, onde a prefeitura vai deslocar todo o sistema de ônibus rodoviário. Será o embarque e embarque e a integração com o transporte ferroviário.
Estrutura
Com a estrutura mais leve que a de um trem comum, o VLT poderá alcançar até 80 km/h em determinados percursos e vai trafegar sobre armações de madeira e de concreto, nas regiões aptas a alagamento. O VLT será composto por três carros, sendo dotado de força motriz – em cada extremidade.
Sua capacidade será de 600 passageiros por viagem. A ideia, segundo o superintendente é colocar o transporte em intervalo de tempo mais reduzido que a do trem, que faz hoje 20 viagens por dia. O VLT fará 36, um aumento de 60%. Ele atenderá Maceió (ponto inicial de partida), Satuba e Rio Largo, regiões consideradas metropolitanas.
Custo
O preço da tarifa ainda será subsidiado e, segundo o superintendente não tem como defini-lo neste momento, mas, afirma que será bem abaixo do que a do ônibus. “É importante ressaltarmos que o VLT não vem para suprimir o ônibus ou outros transportes, mas sim trazer mais uma opção para as pessoas que tem necessidade de se locomover a um custo mais barato”, relatou, afirmando que mais um dos diferenciais é o traslado de mais pessoas em um intervalo de tempo menor, por isso a redução do custo.
por Sidléia Vasconcelos - Jornal Alagoas em Tempo