sábado, 27 de junho de 2009

Terminal da Asa Sul do VLT terá vagas gratuitas para quem apresentar bilhete de integração

Ana Maria Campos
Publicação: 26/06/2009 08:30 Atualização: 26/06/2009 08:38

Montpellier - Uma transformação deve ocorrer nas vias W3 Sul e Norte quando o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) entrar em operação. O projeto do novo sistema de transporte que vai ligar o Aeroporto Juscelino Kubitschek ao centro de Brasília prevê a suspensão da circulação de ônibus na avenida no Plano Piloto e a construção de estacionamentos ao longo de todo o trajeto. A intenção é oferecer uma opção para que os motoristas tenham um local de fácil acesso onde possam deixar os carros quando embarcarem em uma das linhas do metrô leve.

Um grande terminal de integração atrás do Setor Policial Sul, onde haverá baldeação para todos os futuros sistemas do DF (Metrô, VLT e VLP), terá estacionamento próprio. O espaço está previsto no projeto e estará à disposição, sem custo, dos passageiros que apresentarem um bilhete do sistema de integração. Outros locais para carros de passageiros deverão ser construídos ao longo da W3 e também em regiões mais centrais. Uma opção já pensada são os estacionamentos localizados entre as quadras 500, que poderão funcionar exclusivamente vinculados à operação do VLT.

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A redução do número de carros nas ruas é uma medida pensada e já colocada em prática pela prefeitura de Montpellier, cidade do sul da França que o governador José Roberto Arruda (DEM) visitou ontem, junto com o secretário de Transportes, Alberto Fraga, e o presidente do Metrô, José Gaspar de Souza, além de representantes das três empresas que integram o consórcio encarregado do empreendimento: Via Engenharia, Mendes Júnior e Alstom.

A pequena cidade medieval que teve seu centro histórico totalmente revitalizado com a implantação há 10 anos de um moderno sistema de transporte coletivo é a inspiração do governo do DF para a concepção do VLT em Brasília. Em Montpellier, a prefeitura estimula os moradores a pararem os carros o mais longe possível da região central. Há vários estacionamentos com hierarquia de preços. Quanto mais distante do coração da cidade, mais barata é a tarifa cobrada pela permanência do carro. Como o sistema de transporte funciona bem, as pessoas cada vez mais têm optado por circular a pé ou aproveitar uma das linhas do VLT.

Depois da visita a Montpellier, Arruda ficou ainda mais convencido de que o VLT é a coluna vertebral de um amplo plano voltado à melhoria do trânsito no Plano Piloto. O governador esteve ontem na cidade para assinar um termo de cooperação técnica com a prefeitura de Montpellier. Representantes da TAM (Transports de l%u2019agglomération de Montepellier), a companhia de transportes da região, darão suporte técnico ao GDF e poderão acompanhar todo o andamento do projeto ao longo de seis anos. A parceria foi viabilizada pela Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), instituição financeira controlada pelo governo francês, que concedeu ontem um empréstimo no valor de 350 mil euros, ou aproximadamente, R$ 1 milhão, para a troca de experiências. A AFD vai liberar ainda uma linha de financiamento(1) no valor de 134 milhões de euros para a construção da primeira etapa do empreendimento.

Durante a estada, Arruda ouviu do presidente da TAM, Robert Subra, que o sistema de transporte de Montpellier tem hoje a aprovação de 95% da população local, segundo revelou pesquisa de opinião. No início, no entanto, o projeto sofreu bombardeios principalmente de comerciantes que temiam uma queda nas vendas com a restrição ao acesso de carros na parte central da cidade. Segundo Subra, isso não se verificou na prática. Ao contrário, as pessoas passaram a transitar com mais facilidade e o aumento do fluxo de pedestres trouxe aquecimento do comércio e em consequência a revitalização de toda a área. "É exatamente o que queremos fazer na W3", disse Arruda. "As pessoas também reagem em Brasília, como reagiram aqui. Gostaria de trazer todos os críticos para conhecer o sistema em Montpellier e a experiência de sucesso", afirmou o governador.

1- FINANCIAMENTO
O empréstimo depende de autorização da Secretaria do Tesouro Nacional e aval do Senado. A expectativa do GDF é assinar o contrato em setembro, durante visita do presidente da França, Nicolas Sarkozy, ao Brasil. Depois disso, dependerá da concessão da licença de instalação para iniciar a obra o que deve ocorrer ainda neste ano

O número
Investimento
R$ 1 milhão é o valor do empréstimo liberado ontem pela Agência Francesa de Desenvolvimento

Uso da bicicleta
Com origem no século XI, Montpellier é uma charmosa cidade a 10km da costa mediterrânea, que hoje está totalmente estruturada em torno de duas linhas de metrô leve, chamado de Tramway, com integração de ônibus e também bicicleta pública. No coração de Montpellier, na parte medieval, o acesso de carros é restrito e os bondes andam a uma velocidade de 20km/h, movidos a energia elétrica. Criada em 2000, a primeira linha transporta mais de 130 mil passageiros por dia no centro. O segundo trecho foi implantado há três anos e é utilizado por 55 mil pessoas, ligando o centro a municípios da região. Ao todo, o sistema já concluído tem 35km de extensão. "O sistema permitiu aumentar em 50% o fluxo de pessoas que deixaram o carro em casa para andar a pé e no metrô leve", comentou Alain Zylberman, representante da prefeitura.

Uma terceira etapa está em fase de implantação e incluirá mais 22km até a costa, para atender mais 80 mil usuários. No sul da França, o município com 400 mil habitantes conta com o VLT para uma demanda de 185 mil passageiros por dia, quase 50% de sua população na região metropolitana. "Nunca vi uma cidade tão voltada para o pedestre", disse Fraga.

O sistema de transporte de Montpellier, voltado à integração, não é novidade na Europa. Há vários casos de experiências nesse sentido. O VLT funciona também em cidades como Bordeaux, Orleans, Grenoble, Estrasburgo, Barcelona, Dusseldorf, Nuremberg, Madri, Dublin e Berlim. (AMC)

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